Wednesday, April 14, 2010

Alemanha

Continuando o ciclo de viagens, o meu próximo destino depois da Rep. Checa foi a Alemanha.

Foi interessante ir para o país onde parte da minha família teve origem e entender um pouco mais sobre a história.


Berlim é uma cidade bastante moderna e internacional. Assim como Praga, é possível encontrar turistas de todos os cantos do mundo, embora seja muito difícil se comunicar com algum alemão em inglês!

Fomos para Berlim em um grupo de 12 pessoas, que estão participando no mesmo programa do que eu na Husqvarna e também a Silvia, uma colega que trabalhou comigo na Accenture em Curitiba e agora está trabalhando em Hannover, na Alemanha.


No primeiro dia fizemos o Free Walking Tour, ou caminhada turística grátis, um serviço oferecido por voluntários, e onde os interessados se reúnem em um ponto de encontro pré definido e um guia passeia com a gente pelos principais pontos turisticos. Custo: totalmente gratis, mas é claro que eles esperam uma boa gorjeta no final!

Imagina andar ao redor de Berlin quando se está -15 graus, das 10 da manhã até as 4 da tarde! Foi um choque térmico, mas a cidade tem tantos pontos interessantes que as vezes eu me esquecia que meus dedos estavam congelados.

Claro que os principais pontos tem alguma relação com a II Guerra Mundial, holocausto dos judeus, tomada comunista, a Cortina de Ferro e o Muro de Berlim.

A cidade é cheia de historia. No portão de Brandemburgo as principais guerras da humanidade foram declaradas e até hoje, a embaixada dos EUA e da Franca estão nesta praça, uma espécie de garantia após a vitória da guerra.
Durante a caminhada, o guia nos explica como era a vida do lado comunista do Berlin e as duas distintas realidades. No checkpoint Charlie podemos ver quão precária era a vida das pessoas e as tantas tentativas que houveram para atravessar o muro e buscar uma vida melhor no outro lado.

Algo marcante para mim foi quando o guia explicou que em 1989, quando o muro foi derrubado, ao contrário do que se esperava, as pessoas do lado comunista não se mudaram imediatamente para o outro lado, embora houve muita euforia no momento.
Isso seria o esperado, porque tanto lutaram para isso. Ele explicou que o que todos queriam ela apenas a liberdade e o poder de fazer a escolha de ir e vir.

Isso me fez refletir bastante, porque hoje temos essa liberdade e muitas vezes reclamamos de tudo e não damos valor ao que temos. Reclamamos que a comida do avião é ruim, e que a Polícia de imigração não foi simpática, porém viajar era algo imaginável para tantas pessoas que viveram naquela época.

No dia seguinte fomos visitar o campo de concentração de Sachsenhausen. Embora este não tenha sido um dos maiores campos nazistas, foi usado como modelo para os demais, pelo seu formato e efetividade. Não era um campo de extermínio, mas sim um campo de trabalho, onde os judeus e prisioneiros de guerra eram forçados a trabalhar em condições precárias. Embora não houvessem cameras de gases ou outras ferramentas de extermínio, milhares de pessoas morreram de fome, doenças ou até mesmo de frio, por não terem as mínimas condições de sobrevivência.

É chocante andar pelos arredores do campo. O ambiente é pesado e bastante triste, porém uma experiência humana, cheia de reflexão e que nos deixa com raiva de nós mesmos, ao pensar que o ser humano é capaz de tantas atrocidades contra outros seres da mesma espécie, em nome de uma crença de raça pura.

Em 1945, quando o fim da guerra estava próximo, os nazistas tentaram queimar todo o campo e apenas poucos prédios restaram. Os presos tiveram que marchar no frio, pelo meio da floresta, numa tentativa que os nazistas fizeram de escapar das tropas aliadas. Muitos morreram durante o percurso e poucos puderam finalmente ter a sua liberdade conquistada novamente.

Parece estranho ir até Berlim por um fim de semana e passar um dia em um lugar tão sombrio.
Eu encontrei muitos brasileiros por lá, quase metade do grupo. Concluímos que para nós, isso é um dos grandes símbolos da região, que conhecemos de longe, apenas através de filmes e lilvros, e algo que temos que ver pessoalmente uma vez que estamos tão pertos. Encontrei poucos turistas do leste europeu neste local; Por ter sido algo tão traumático e vivenciado de perto, a maioria deles prefere ficar na cidade, admirando os prédios e museus, assim como a Ewa preferiu na Polonia.
Mas eu acredito que para mim valeu muito a pena tirar 1 dia da minha viagem e vivenciar algo diferente, parte da nossa história e sem dúvida, uma experiência enriquecedora.

Também não pude deixar de comer a típica salchisa com mostarda e beber o “copinho” de cerveja.
Acredito que a Alemanha tenha muito mais a oferecer, com suas tantas outras belas e importantes cidades, porém para alguém com orçamento e tempo limitado, Berlin foi interessante, produtivo e permitiu sentir um pouco da Alemanha e sua cultura.

Mochilão nas costas e preparado para o próximo destino: Itália.

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